Opinião – Bandas e Fanfarras não existem apenas dia 07 de Setembro, por isso exigimos respeito!

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Tenho conversado com vários amigos maestros e dirigentes de diversos cantos de todo o País e a situação inusitada é a mesma: Após meses terríveis com a total pausa do setor chamado cultural, agora, neste vislumbre de um retorno das atividades com a vacinação começando a acelerar, vários projetos estão sendo requisitados (O que é realmente ótimo) mas nós já conhecemos esta ladainha.
No Brasil é costumeira a “cultura” de se pensar que Bandas e Fanfarras “existem” especificamente apenas no dia 07 de Setembro, momento em que os projetos musicais em grande parte se apresentam nos tradicionais desfiles cívicos em referência às comemorações da independência do Brasil. Mas será as corporações que nesta data são tão requisitadas, existem apenas para esta finalidade?
Primeiramente devemos destacar que as Bandas e Fanfarras são um ferramenta de formação integral dos cidadãos, que deveria ser valorizada substancialmente, mas infelizmente por diversos motivos acontece o oposto. Lamentavelmente tais projetos servem de palanque para muitos políticos que logo após as eleições simplesmente se “esquecem” do devido valor garantido anteriormente para angariar votos e ludibriar a opinião pública.
As Bandas e Fanfarras tem como objetivo principal desenvolver valores e habilidades que possam desenvolver talentos, de modo especial em nossos jovens, bem como contribuir com o desenvolvimento do pensamento cívico, o espirito de grupo e a autodisciplina, que são efetivamente necessários para a formação integral dos cidadãos. O verdadeiro civismo e o verdadeiro patriotismo são muito maiores e muito diferentes das concepções bizarras e frenéticas que tem sido colocadas em questão muitas vezes em nossa sociedade, e para que germinem adequadamente, precisam ser plantadas no seio de nossos cidadãos.
O papel das Bandas e Fanfarras vai muito além dos desfiles cívicos, das apresentações em competições e até mesmo do papel de inclusão social e cultural, que é tão fundamental na formação e institucionalização das corporações e projetos. Somos um segmento artístico que historicamente padece jogado às traças, sem apoio e sem valor, mas que ainda em meio a todas as dificuldades apresenta grandes resultados, seja em aspectos educacionais, seja na formação cívica e educacional de nossos jovens, seja no desenvolvimento de funções intelectuais ou no desenvolvimento da criatividade, as corporações musicais conseguem abrir os horizontes para explorar positivamente o que há de melhor no talento de todos aqueles que de algum modo participam.
A maior dificuldades das Bandas e Fanfarras, para além da falta de apoio generalizada, está na interferência de agentes sem conhecimento técnico e isso, somado às tantas dificuldades a falta de ações e planejamentos específicos para estruturar nossos projetos, acaba por destruir ferramentas que consideravelmente poderiam fazer a diferença na sociedade.
Em 2021 inúmeros foram os novos governos municipais que destruíram projetos culturais, assim como vários outros estão permitindo com que muitos padeçam e as boas noticiais estão partindo de cidades que estão em meio à tantas dificuldades do atual momento, estão abrindo as portas para o meio artístico e construindo novos sonhos.
Enquanto sofremos com a falta de apoio, continuaremos a lutar com as ferramentas que temos em nossas mãos, ou com a exata falta delas.
Quando será que seremos lembrados para além dos desfiles de 7 de setembro?
Que nossas corporações, berços culturais e pólos educacionais de formação cidadã, sejam lembradas para além dos atos simbólicos.
Eu sou o Maestro Erick Brito da Silva, apenas um entre tantos maestros, dirigentes e integrantes do movimento Bandas e Fanfarras de todo o Brasil.