O ensino da arte na sociedade: música aliada a outras áreas artísticas

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Não se pode negar que o Movimento Bandas é parte de algo extremamente importante. Fundamental para que sejamos humanos, que nos atinge conforme nos encontra ou, no caso do integrante de uma corporação, que é parte das suas tarefas dentro do grupo. ARTE, caros colegas e amigos artistas de Bandas de música, este é o nosso assunto.
Somos parte de um movimento artístico educacional com conceituada relevância no desenvolvimento do sujeito e da sociedade e, visto isso, abordarei neste texto a discussão do que seria a arte para a sociedade e para o mundo, refletindo sobre o seu lugar nos dias atuais e na escola. Ainda neste sentido, meu objetivo é observar o ensino de música quando é integrado a outras áreas artísticas.
Vejam bem, talvez pareça um pouco distante do trabalho das nossas Bandas e mais próximo do ensino em sala de aula, porém, antecipo à sua leitura que existem familiaridades diretas às nossas atividades. Deixo o terreno livre para que você, colega e amigo do Movimento Bandas, sinta-se representado meio a este entrelaço de palavras e pequeno grupo de conceitos.


Hoje a educação musical é consideravelmente abrangente. Sabemos que quando integramos diferentes áreas artísticas, muitos são os benefícios para ciclos de ensino-aprendizagem. Cito aqui a concepção de arte trazida por Luigi Pareyson: fazer, conhecer e exprimir – nesta ordem.
Seguindo as pegadas da música no caminho da educação na escola, conduzirei para a linguagem musical e, apoiado em Takasu (2016), proponho vermos juntos que o ensino musical desperta mais interesse e a aprendizagem acontece mais satisfatoriamente quando tudo acontece mais próximo à dança (aqui entendido como a dança em si ou simples movimentos corporais), às artes visuais e ao teatro.
Entende-se por linguagem musical, segundo Takasu (2016), a comunicação – linguagem e entendimento – por meio da música. Desta forma, traz-se benefícios ao processo de formação do aluno de, como exemplo, trago a possibilidade de utilizarmos duas formas relevantes e de fazer arte: dança e prática de um instrumento musical.
Para reflexão, podemos expor algumas das vantagens de tocar um instrumento de sopro ou percussão, como a elevação na qualidade de vida da criança/adolescente – ou mesmo do adulto -, visto de que maneira nos sentimos ao desenvolver esta atividade, como a viabilidade de se sentir aceito, integrado, reconhecido e ouvido.  Já pensando nos instrumentos de sopro, aponto aqui fatores mais pontuais de grande importância fisiológica, pois tocar um instrumento na melhora da respiração, oferecendo benefícios para o intestino, o coração, a circulação sanguínea, atividades das funções cognitivas, memória e concentração. Embora as vezes até “passemos raiva” tentando técnica ou outra, ou então buscando aprender uma passagem difícil de uma peça do repertório (esta parte é um desabafo mesmo, não tem embasamento), tocar um instrumento musical melhora o humor do indivíduo, diminui a chance de estresse, pois se trata uma atividade relaxante e interessante, melhora o sistema imunológico e ajuda na harmonização psíquica.
A dança, por sua vez, segue a mesma linha ao que diz respeito aos benefícios para a saúde e a qualidade de vida, pois desenvolve o indivíduo em diversos campos. É sabido que crianças adoram e respondem muito bem a atividades que envolvem o movimento corporal. Nas idades iniciais, a criança tem dificuldade em gravar sequências de movimentos, pois os vê como partes de um momento de diversão, todavia, ao repetir os mesmos gestos, se trará mais entendimento e refinamento, ocasionando, então, na boa fixação da atividade.
A dança traz possibilidades de descobertas da utilização do próprio corpo e ações corpóreas que, dificilmente, o educando desenvolveria em seu cotidiano. Além disso, esta atividade melhora a coordenação motora e incentiva a atenção às atividades. Ao unirmos tantos benefícios entre a música e a dança (ou movimentos corporais simples), o que temos são aulas mais interessantes e prazerosas, tornando assim, a assimilação de informações e habilidades mais orgânica, permitindo ao aluno que se expresse, interiorize o que aprendeu, além de praticar vivências de trabalho em grupo.
Partindo do ponto de vista dos argumentos deste texto, podemos observar que a tentativa de produzir uma música pode ser mais produtiva e proveitosa se desenvolvida e construída com o auxílio da espontaneidade e da liberdade que a dança pode oferecer.
As artes, mesmo que entendidas separadamente, hoje, no campo da educação e na formação do educador, são melhores produtoras de qualidade técnica e humana quando trabalhadas mais próximas. Para pensarmos de maneira prática e simples, proponho imaginarmos que uma turma de alunos de 9 anos de idade tem, como atividade proposta pelo professor, a apreciação da peça musical “Alvamar Overture”, de James Barnes. Após o final do primeiro minuto da obra, a música para e o professor pede aos alunos que desenhem o que sentiram ou entenderam da peça apresentada ou, quem sabe, incentiva a criação de esquetes teatrais, ou mesmo, coreografias baseadas nesta, diga-se de passagem, obra musical de tirar o fôlego.
Prosser (2009) nos traz informações sobre o papel da arte na sociedade e como desenvolvê-la no ambiente de aprendizagem. Assim, entendemos a importância da arte como processo interdisciplinar, social e área de conhecimento.
Sabe-se que a arte está presente em todos os momentos da vida, seja em casa por meio da televisão, do rádio, de quadros, ou mesmo em objetos em que sua presença passa despercebida, como em um copo, uma caneta, ou mesmo, na cor de uma parede. Cada pessoa enxerga a mesma coisa à sua maneira, pois a arte é construída por meio de formas e ligações que somente são interpretadas conforme as vivências de cada individuo. Quando uma criança canta ou desenha, por exemplo, está utilizando um meio artístico para expressar o que lhe causa interesse ou que lhe trouxe significado.
A arte propicia a criança conhecer a si em suas capacidades e limitações, pois a prática artística é capaz de colaborar na construção de autoconhecimento, autocritica e autoconfiança.

Finalizo observando a capacidade da educação musical como agente para mudar a realidade social. Mas, seja pela própria música, ou ainda pelo teatro, pela dança, pelas artes visuais, a ARTE traz mecanismos para manifestação e expressão, ou mesmo, provocação de sentimentos e vivências e, sendo área de conhecimento, desperta e desenvolve habilidades por meios de técnicas próprias e domínios de materiais e instrumentos. A Arte é capaz de desenvolver, por meio de seu interlocutor, o professor, oportunidades de socialização, crítica, cooperação, tolerância e qualidade de vida.

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Olá, me chamo Hassan Jalil. Sou de São Lourenço do Sul e resido na cidade Pelotas/RS. Atualmente sou mestrando em educação e tecnologia pelo IFSul/Pelotas, com pesquisa sobre bandas. Pós-graduado (especialista) em ensino de arte e música e possuo graduação em música - licenciatura. Clarinetista, integrante de Banda há 28 anos e, destes, somo 14 anos de regência. Trabalho para contribuir com o Movimento Bandas por meio de textos tematizadores da educação musical e as bandas do ponto de vista pedagógico. Disponho-me a diálogos inbox ou por meio dos comentários das publicações sobre os assuntos abordados. Vamos aprender juntos?