Secretário debate políticas de incentivo para bandas e fanfarras

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Maestros apresentaram a Henrique Pires cenário de carência de formação de regentes e dificuldades para aquisição e importação de instrumentos

O secretário especial da Cultura do Ministério da Cidadania, Henrique Pires, tem trabalhado para identificar pontos em comum nas demandas de bandas e orquestras com o intuito de preparar uma política pública de incentivo a esse setor, em articulação com os ministérios da Educação e da Defesa. Nesta terça-feira (21), Pires recebeu em seu gabinete, em Brasília, 10 maestros e outros membros de associações nacionais e municipais de bandas e fanfarras, que apresentaram o cenário atual do setor. Apontaram principalmente carência de formação de regentes com autorização para lecionar em escolas, dificuldades para aquisição e importação de instrumentos e mudanças estruturais desse mercado no Brasil.

Henrique Pires se comprometeu a fazer articulação entre os ministérios da Educação e da Defesa para que, em conjunto com o da Cidadania, achassem soluções integradas. Também pretende fazer parcerias com a Fundação Nacional de Artes (Funarte) e o Sistema S para criação de cursos de formação profissional.

“Certamente, há pontos em comum entre bandas escolares e bandas militares, que são de responsabilidade também dos ministérios da Educação e da Defesa, que não estão sendo tratadas em uníssono com o Ministério da Cidadania. É muito importante fazermos essa integração e criarmos uma política conjunta”, disse o secretário. “O trabalho das bandas envolve jovens de famílias em condições vulneráveis. A base de todo o trabalho do Ministério da Cidadania é oferecer alternativa de vida para esses jovens e a música tem garantido vida digna para muitos deles”, concluiu.

A formação do cidadão é mesmo o foco das instituições de bandas e fanfarras, reforçou o maestro Sérgio Pacheco, diretor de Programas e Projetos da Confederação Nacional de Bandas e Fanfarras (CNBF) e presidente da Associação de Fanfarras e Bandas do Vale do Itajaí. “Tiramos uma criança da rua ao trabalhar o aluno na música, oferecer a ele esse aprendizado e, em contrapartida, cobrar rendimento escolar”, disse.

O presidente da CNBF, que acumula também a presidência da Associação Norte e Nordeste de Bandas Fanfarras e da Associação de Fanfarras e Bandas do Maranhão, Armando Nobre, elogiou as mudanças na Lei Federal de Incentivo à Cultura, que incentiva a descentralização dos recursos para projetos de menor porte e em regiões com histórico de menos incentivo, fora do eixo Rio-São Paulo. “As mudanças foram de grande valia para nós, para que os recursos financeiros possam chegar a quem mais precisa. Normalmente, as ações do antigo Ministério da Cultura eram direcionadas apenas a orquestras. E todo município quer ter uma banda, é uma demanda contínua”, explicou.

Formação

O grupo ressaltou a carência de formação de professores de instrumentos musicais em nível de graduação e pós-gradução certificados com acesso à progressão funcional. A professora Marisa Araújo Oliveira, diretora institucional da CNBF, ressaltou que o ensino da música é obrigatório no currículo da Educação Básica. Entretanto, as universidades oferecem pouca formação de professores de instrumento.

Nobre relatou que “há mais de 200 bandas no estado do Maranhão, mas apenas dois professores têm formação específica, e ainda assim, em artes, não em música”.

O maestro Bohumil Med, professor da Universidade de Brasília (UnB) e diretor do Conselho Técnico Musical (CNBF), sugeriu ao secretário a criação de um curso na Funarte de aperfeiçoamento de um ano para formação de regentes, com a chancela da CNBF e do Ministério da Educação (MEC), para melhorar o nível dos maestros da banda. “Muitos maestros não podem trabalhar em escolas porque não têm um diploma”, explicou. O secretário gostou da ideia e levantou a possibilidade também de parceria com o Sistema S.

O secretário levantou também como oportunidade para as bandas do Brasil a participação nos eventos de comemoração dos 200 anos da Independência, em 2022. “Teremos atividades em São Paulo, como a reinauguração do Museu do Ipiranga, e um Encontro Nacional em Brasília”.

Henrique Pires também solicitou ao grupo que levassem os jovens membros de suas bandas aos espetáculos e shows com apoio da Lei Federal de Incentivo a Cultura, ressaltando a importância da formação musical por meio do acesso à cultura, e lembrando que de 10% a 20% dos ingressos são gratuitos de acordo com as novas regras.

Também participou da reunião a diretora do Departamento de Promoção da Diversidade Cultural da Secretaria da Diversidade Cultural do Ministério da Cidadania, Renata Machado.

Assessoria de Comunicação
Secretaria Especial da Cultura
Ministério da Cidadania

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