Interestadual – Sucesso total no interior paulista

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Parte da Avenida 14 de Setembro, no Parque do Povo, em Presidente Prudente, virou uma pista de exibição e competição mais que saudável, para mais de 1,2 mil músicos de várias cidades dos Estados de São Paulo e do Paraná, mais de 15, participando do Concurso Interestadual de Fanfarras e Bandas de Presidente Prudente, uma das ações alusivas aos 101 anos da cidade, comemorado na sexta-feira, dia 14. O desfile para julgamento foi realizado das 15h às 22h, mas, pela manhã, das 9h às 11h, populares puderam ver alguns integrantes ensaiando e participar gratuitamente de um workshop de ordem unida (aspecto de posicionamento de marcha, de postura de garbo para regentes e integrantes de bandas e fanfarras) ministrado pelo maestro Carlos Binder, de Mauá (SP), e outro, de percussão rudimentar e marcha americana, com quatro percussionistas da Seleção Brasileira de Percussão, Lucas Bidoia, Lucas Rosa, Augusto Santos e Zé Ricardo.

Quando a música está na veia, não se mede esforços para mais conhecimento. Michael Hippler, 24 anos, veio de moto, de Assis (SP), para a palestra com os cursos rápidos. “Estou sempre em busca de aperfeiçoamento”, expôs o jovem à reportagem.

Torcendo para que as condições climáticas continuassem favoráveis, como estavam de manhã, o maestro Binder estava animado para o evento. “A cidade está de parabéns! Deparei-me com uma pista maravilhosa, e mesmo que chovesse percebi que tem um campo agregado à quadra coberta que poderia ser utilizado se fosse o caso. O que seria ideal para o que a gente chama de ‘marching band’, bandas de marcha ou banda shows, aqui no Brasil, em que se faz muitas coreografias. Repito, o espaço que Prudente tem é sensacional. A organização, infraestrutura alimentar – servindo os participantes desde o café da manhã. Parabéns à Prefeitura”, elogia o maestro.

Investimento cultural

Binder expõe que o público-alvo de fanfarras e bandas se encaixa nos excluídos culturalmente. Segundo o maestro, era preciso sim ter um investimento maior do poder público, seja ele municipal, estadual ou federal, na formação. “As bandas e fanfarras suprem essa lacuna na cultura brasileira. No Japão, por exemplo, a criança começa a estudar aos 3 anos. Para se ter uma ideia, por lá, nessa idade existem crianças tocando violino de forma excepcional. Aqui ainda falta um investimento maior na educação e, consequentemente, na cultura.

Tradição a.C

O maestro explica que a ordem unida surgiu a.C (antes de Cristo) com os exércitos e, demonstrava força, na realidade, uma certa cadência, organização. Conforme ele, a base dos exércitos era a disciplina, então era muito importante para os grupos organizados ter algo com “ordem unida”, provavelmente com instrumentos de percussão, depois com a introdução das cornetas, os chistes, que davam aquele som característico nos filmes antigos. E, mais recentemente, a questão da ordem unida passou a valorizar muito a beleza plástica do deslocamento, agregando às bandas um elemento interessante que são os corpos coreográficos.

“Adotamos há uns 15 anos, as ‘flags’ou seja, as bandeiras que são agitadas, mais ou menos como as cheerleaders com seus pompons. Nas bandas americanas [marching band] se usa muito as flags. Isso dá um visual colorido especial, uma empolgação ao público. Então, temos a banda tocando, que é a parte alegre, melódica e a parte plástica com a linha de frente”, explana o maestro.

No entanto, Binder ressalta que a banda não pode menosprezar essa questão da técnica de se marchar, e que são vários os estilos, como o militar e os mais populares, e cita como referência o Japão, Estados Unidos e Europa. No Brasil, ele diz que ainda estão caminhando para descobrir um estilo. “Recentemente, vi no Youtube uma banda do Japão tocando a música brasileira ‘Festa no interior’, da Gal Costa, e um samba chamado ‘Tristeza’. Elas dançam ao se deslocarem. Algo impressionante, que cativa o público!”, exclama com conhecimento de causa o maestro.

Ansiedade

Reginaldo Henrique, Branco, presidente da Ocifaban (Associação Paulista de Fanfarras e Bandas), idealizadora do evento, estava ansioso pela manhã durante a montagem de toda a estrutura, contando com a presença da população em massa no evento, uma vez que, na sexta-feira, por conta da chuva, a Parada Festiva em comemoração aos 101 anos da cidade foi cancelada.

“As pessoas aguardam esse evento todos os anos. Olha, está bonito, antes mesmo de terminar, qualidade de corporações, infraestrutura adequada, arquibancadas cobertas, feira de artesanato no local. Evento feito para a família, para as crianças, os idosos”, expõe Branco. “Um evento que resgata a união entre os pares. Estamos falando de autodisciplina, civismo, ou seja, ingredientes fundamentais para formação do indivíduo. União de músicos, de congregações. A competição é na pista, mas todos poderão perceber uma ajudando a outra: união e garra!”, exclama ansioso o presidente.

Veja clicando aqui, a reportagem da TV Fronteira, afiliada da Rede Globo na região de Presidente Prudente.