Curso de formação d’O Passo

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O objetivo é oferecer, àqueles que querem começar a utilizar o método O Passo ou a professores que já conhecem e usam O Passo, a oportunidade de imersão no método e a troca com músicos/professores do Instituto d’O Passo.

uma turma no Rio de Janeiro e uma turma em São Paulo

datas: 5, 6, 19 e 20 de maio de 2018

horário: das 9h30 às 13h30 e das 15h às 18h30

carga horária: 30 horas

preço: R$ 800 (parcelamento em até 4 vezes)

Mais informações e inscrições: Laura de Castro em (21) 98726-1573


Um método de educação musical

Criado por Lucas Ciavatta em 1996 e tendo como princípios inclusão e autonomia, O Passo entende o fazer musical como um fenômeno indissociável do corpo, da imaginação, do grupo e da cultura.

O Passo surge em resposta aos modelos altamente seletivos de acesso à prática musical e tem a riqueza do fazer musical popular brasileiro como sua grande influência.

O abordagem do método valoriza o projeto musical de cada músico, professor, escola e grupo, contribuindo para a sua efetivação e facilitando até mesmo o uso de outras metodologias.

Desde sua criação, O Passo foi experimentado e adotado em escolas, universidades e projetos no Brasil e no mundo, tornando o fazer musical acessível a milhares de pessoas de todas as idades em cursos, oficinas, palestras e outras atividades.

Hoje, o Instituto d’O Passo reúne os professores que levam adiante e recriam O Passo em seus novos espaços e caminhos.

o que é

Princípios: Inclusão e Autonomia

N’O Passo, princípios são mais que fundamentos teóricos, eles estão presentes na prática, no processo e nos projetos realizados, sempre.

Sobre inclusão: Na dinâmica do método, todos podem aprender. Independente de dom, necessidades especiais, recursos materiais e meios, o aprendizado vai acontecer. Numa aula de música com O Passo, a ausência de instrumentos, por exemplo, não inviabiliza o processo. Palmas e voz* são os únicos recursos sonoros realmente necessários para a construção de uma sólida base de ritmo e afinação.

Sobre autonomia: É possível passar a vida inteira num grupo de percussão e não ter referências rítmicas precisas; é possível cantar a vida inteira num coral e desafinar com incrível frequência. Isso acontece quando aquele que toca não tem autonomia, não sabe exatamente o que está fazendo – contar com o outro é diferente de “estar na aba”. Para superar essa condição, é preciso meios e força. Os meios O Passo fornece, a força normalmente vem da percepção de que através destes meios há uma possibilidade real de aprendizagem.

*(Sem confundir com percussão corporal que como qualquer instrumento tradicional necessita de um estudo técnico específico.)

Pilares: corpo, imaginação, grupo e cultura

Corpo: N’O Passo, o corpo não é visto como algo que acompanha de longe os processos cognitivos realizados pela mente, mas principalmente como uma unidade autônoma de construção de conhecimento. As noções de espaço e tempo são construídas num diálogo entre a imaginação e a vivência corporal. Não há possibilidade da ausência do corpo na efetivação deste processo. O que normalmente acontece é um subaproveitamento do corpo e um consequente subdesenvolvimento destas noções. Sem a participação ativa e efetiva do corpo, processos normalmente associados apenas à mente, tais como a leitura e a escrita, simplesmente não podem acontecer.

Imaginação: Só é possível tocar e cantar o que se vê. Uma imagem mental clara do que deve ser tocado e cantado é a única forma de alcançar uma boa realização musical. Todo aprendizado musical deve ter como objetivo principal a construção dessas imagens. Como tocar um ritmo qualquer se, no momento em que alguém o propõe, você não “vê” nada, não o imagina? É através de nossa imaginação, onde operam o que Mark Johnson chama de “esquemas de imagem”, que gerenciamos imagens e perceptos e construímos todo conhecimento. Essas imagens mentais são as referências que nos guiam quando fazemos música. Algumas delas construímos a partir de objetos concretos ou ações reais, que de alguma forma relacionamos àquela música, como a partitura, o instrumento, o professor; e algumas delas, abstratas, inteiramente subjetivas, compomos a partir de estímulos variados, como uma cor, um movimento ou uma sensação. A notação gráfica é apenas uma das formas de exteriorizá-las. Com O Passo, trabalhamos com a notação gráfica, mas também com a notação oral e a notação corporal. O Passo busca o equilíbrio nas três formas de notação, e, assim, através dos diálogos entre elas, torna o próprio ato de escrever e ler mais significativo.

Grupo: O Passo entende o fazer musical como um instrumento de socialização, como um espaço de troca e negociação. Nesse processo deve haver um equilíbrio entre grupo e indivíduo: o grupo se fortalece na atuação de cada um dos indivíduos que o compõem e cada um dos indivíduos se fortalece através de sua atuação no grupo.

O indivíduo nunca está sozinho, para o seu desenvolvimento o trabalho em grupo será sempre fundamental. É a experiência no coletivo que fornece as ferramentas para que isso aconteça.

Cultura: Para saber, efetivamente, tocar um ritmo e cantar uma canção é preciso se aproximar do ambiente cultural onde eles foram criados: a história, as tradições, as manifestações. Quando fazemos isso, a Cultura deixa de ser um conceito a ser aprendido ou apropriado para tornar-se uma realidade que vivemos, jogamos e mais facilmente entendemos e respeitamos.

O conceito de posição

Normalmente consideramos quatro parâmetros para definir um som: altura, intensidade, timbre e duração. A questão é que nenhum desses parâmetros pode nos mostrar ou ensinar a diferença (real para qualquer músico) entre tocar no tempo e tocar no contratempo. A razão é simples: eles nasceram num laboratório de acústica e não numa aula de música. Eles são suficientes em termos sonoros, mas não em musicais. Por isso, O Passo propõe um quinto parâmetro: o conceito de posição.

É importante compreender a diferença entre tempo e contratempo como uma diferença que fazemos necessariamente com o corpo. Não é à toa que qualquer músico, independentemente da sua cultura, marca o tempo com o corpo para poder tocar o contratempo. Através de um movimento, ele faz uma notação corporal e desenha um espaço musical. O conceito de posição permite o mapeamento desse espaço musical imaginado.

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