FFABESP – NA TERRA DE ZEQUINHA DE ABREU, MUITA MUSICA E CULTURA

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A FFABESP (Federação de Fanfarras e Bandas do Estado de SP) vai realizar em 22 e 23 de setembro mais uma etapa do Paulistão 2018. Tudo isso na terra do ilustre Zequinha de Abreu.

CORPORAÇÕES PARTICIPANTES

DIA 23/09


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QUEM FOI ZEQUINHA DE ABREU

No dia 19 de setembro de 1880 nascia em Santa Rita do Passa Quatro, o saudoso mestre de nossa música, Zequinha de Abreu. Filho de um militar iniciou seus estudos no colégio São Luiz de Itú passando posteriormente às classes de aula no Seminário Episcopal (hoje Arquidiocesano), onde concluiu o seu curso colegial.

Em seguida, atendendo mais um desejo de sua família e propriamente à sua vocação, ingressou-se na Faculdade de Medicina, onde passou apenas dois anos, que viriam a ser os últimos de estudos em toda a sua vida.

Embora no princípio dos estudos médico fosse tomado por certo entusiasmo pela carreira, compreendeu Zequinha de Abreu, que não poderia manter-se em sua vida, desligado das notas musicais, do teclado de um piano, de sua inata facilidade de alinhar frases melódicas.

Por isso, deixou a Faculdade de Medicina e voltou seus dias inteiramente para a música. Seus mestres de música foram o Padre Rossini, do Colégio São Luiz e mais tarde, o Maestro, Mhiaffarelli. Modesto até ao extremo Zequinha de Abreu era, antes de tudo,um simples e um bom; jamais teve para alguém uma só palavra que não fosse de estímulo, de carinho, de fraternidade.

Aliás as palavras não eram muito usadas por Zequinha de Abreu, que preferia substituí-las por sorrisos meigos ou por suas músicas. Mesmo quando a sorte lhe era adversa; como foi por quase toda a sua vida, Zequinha de Abreu jamais abandonou o seu sorriso de simpatia, a sua maneira resignada de encarar os fatos que insistiam em lhe ser contrários.

Como, pianista profissional, foi Zequinha de Abreu contratado para tocar na “Casa da Música”, em São Paulo , cujos proprietários eram Irmãos Vitale, editores de suas melodias.

Debruçado sobre o teclado do piano, passa Zequinha de Abreu todas as tardes, sempre cercado por um número grande de pessoas (geralmente moças), que indo à cidade, jamais dispensavam uma visita à “Casa da Música” para ouvir as novas melodias, composições do mestre paulista. E a cada palavra elogiosa, Zequinha de Abreu baixava a cabeça sorria acanhadamente, recolhido em modéstia.

Zequinha de Abreu tinha uma vocação musical surpreendente.

Escrevia músicas com a mesma ligeireza com que uma pessoa comum escreve qualquer coisa.

Para compor, sentava-se ao piano e dedilhava sem intenção expressa de fazer novas melodias.

Mas as frases bonitas vinham surgindo como por encanto e Zequinha de Abreu, tomado de um papel anotava-as.

De sua espontaneidade ao compor, conta-se como exemplo que em uma festa na casa de um poeta seu, Zequinha de Abreu até meia noite tocou todas as suas músicas já conhecidas, mas, daí até as quatro horas da manhã só tocou músicas improvisadas, uma em seguida às outras e cada mais belas que a anterior.

E, as músicas do pianista modesto, tocados por seus dedos, tinham inegavelmente como característica, uma outra significativa.

Na valsa, encontrava Zequinha de Abreu seu ritmo preferido parecia-lhe que se as notas musicais não se alinhassem no compasso que lhe era mais agradável, não estaria o seu sentimento expresso na melodia substituindo as palavras de amor, sempre vivas em seus dias, pelas frases melódicas, cada dor e cada alegria de Zequinha de Abreu ficaram gravadas em suas músicas.

Casado aos 19 anos com D. Durvalina Brasil de Abreu, deixou a viúva a 22 de Janeiro de 1935.

“Corporação musical Zequinha de Abreu”

Venceu, grandes dificuldade e alcançou a vitória, a idéia da fundação da Banda “Zequinha de Abreu”, em Santa Rita do Passa Quatro, cuja primeira diretoria ficou assim organizada: Presidente – Manuel de Siqueira; Vice-Presidente – Manuel de Assis Cunha; Tesoureiro – Zeão Bueno de Prado; Secretário – Silvio Pelício de Araújo; Diretor da banda – Narciso Nori; Regente – Alcides Perini; Vice – Regente – Francisco Martino.

A 14 de agosto de 1933, reunidos na redação desta “Folha”, amigos e simpatizantes da nossa cidade, com entusiasmo otimista tornaram realidade a existência organizada desta querida corporação musical, que se leva o nome do imortal compositor santarritense José Gomes de Abreu, que foi idealizada pelo saudoso Sr. João Buenos do Prado.

A banda “Zequinha de Abreu”, composta de 35 figuras, apresentou-se com seu belo uniforme, no dia 13 de maio de 1934, para as imponentes festividades de sua inauguração oficial.

No romper da madrugada a população ouviu pela primeira vez o incipiente repertório musical de marchas, valsas e dobrados, fruto de esforço e da boa vontade, característica necessária a todas as iniciativas populares.

As 12:30 horas, em almoço de cordialidade foi vibrantemente homenageado o maestro José Gomes de Abreu, especialmente convidado pela diretoria de nova e promissora corporação.

As 15 horas, em frente à igreja do Rosário, foram os músicos recepcionados com calorosas palmas pela grande massa popular, instrumentos e dos músicos.

Cortadas as fitas simbólicas pelo maestro Zequinha de Abreu a Banda executou a marcha “Pátria” e desfilou pelas ruas da cidade tendo sido pronunciados discursos de homenagem nas residências das exmas. Autoridades e ao patrono musical da corporação em festa.

Ao anoitecer, os músicos executaram o Hino Nacional na escadaria principal da igreja Matriz, no momento da Benção Solene do Santíssimo Sacramento.

Assim, a data de inauguração da Corporação “Zequinha de Abreu” marcou o início das esplendidas vitórias que muito tem contribuído para o progresso artístico de Santa Rita.

Não foi sem grandes dificuldades que se não desaparecem de todo, entretanto, sempre foram vencidas para alegria não só de se uns diretores, mas da população que se ufana de ser conterrânea do grande maestro e compositor santarritense, em cuja homenagem foi em boa hora, fundada a Banda “Zequinha de Abreu” sem dúvida constituiu a nossa banda de música um precioso patrimônio de arte, que muito honra o progressista da terra natal de “Zequinha de Abreu” e que todos os bons santarritense devem prezar com carinho e civismo.

“Última pausa de uma vida dedicada a arte e morte repentina de Zequinha de Abreu.”

Nada parecia, alterar o ritmo da vida de Zequinha de Abreu no últimos anos de sua existência. Vencera com sua música conquistando uma popularidade à qual se ligavam a mais os curiosos fatos , mundanos e boêmios. Levemente começava a usar-se alguns acordes de uma serenidade e satisfação íntima.

Com os filhos colocados e bem situados escolhia de preferência nos dias de Natal, a casa de Dermeval.

Zequinha nos últimos anos de sua vida viveu em São Paulo , de onde saía raríssimas vezes.

Seriam 9 horas da noite, de 22 de Janeiro de 1935, quando Zequinha de Abreu recebeu um telefonema de um grupo de músicos que lhe marcara um encontro para daí a pouco numa residência na praça General Osório, próxima ao hotel Piratininga, sempre disposto a atender a quem lhe solicitavam o concurso artístico Zequinha compareceu a reunião tendo segundo organizado um programa para festa a realizar-se daí a dois dias.

Cerca de 11 horas nessa mesma noite o compositor santarritense saí da reunião encaminhando seus passos tranqüilamente, em direção ao bonde. Eis que ao passar precisamente em frente ao Hotel Piratininga, viu-se acometido por súbita emoção, aquela mesma que, de tempos em tempos, o surpreendia, deixando-o completamente paralisado.

Tentou reagir, mas não pode. Alguns transeuntes notam aquele homem vestido de terno escuro, levar a mão ao coração e olhos semi-arregalados, cambalear, levemente.

Há uma ligeira movimentação, naquele trecho.

Que foi ? _ Quem é ? _ Um homem caiu ……………

Mas ….. não é um homem, apenas.

É Zequinha de Abreu!! (grita um senhor que se aproxima de grupo).

Uma coincidência extraordinária.

Passa, no momento, o enfermeiro Mário Flori, que conhece Zequinha de Abreu pessoalmente. Aproximou-se do acidentado, que continua pálido, amparado por dois populares. Tenta dizer alguma coisa, mas não consegue. Mário Flori ouve-lhe apenas.

Aí meu Deus !

Foi um colapso, diz o enfermeiro.

Talvez não haja mais nada a fazer.

Chamam a assistência pública, que não se faz demorar.

Como previra o seu assistente, tudo estava terminado.

Zequinha morrera, repentinamente, vítima de um colapso cardíaco.

O acidentado da hora e a recondução do corpo para sua resistência, na rua Fortunato, ocuparam algumas horas.

Os jornais fecharam as suas edições nesse intervalo.

A cidade amanheceu sem saber do desaparecimento de Zequinha.

Enquanto se velava o cadáver, a notícia espalhou-se, mas quando todos tomaram o conhecimento do episódio o famoso compositor da gente simples, criador de tantas belezas da música, popular, descia ao túmulo para repousar de sua luta, uma luta desigual, mas vitoriosa e consagrada, pelo que encerrou de simples e profundamente humano.

“Assim, sua música, cheia de incidentes e acidentes, como a própria natureza brasileira, não atinge os abismo escarlates da ferocidade nem conhece as trevas terríveis da miséria universal.

A música de Zequinha de Abreu será sempre, o reflexo auriverde, cuja fusão produz o azul límpido do nosso firmamento, que transparece na “Branca” e a solidariedade esportiva das messes descuidadas, que reúne, em poucos minutos, milhões de Tico Tico no Fubá.”