Centro Coreográfico tem grande acervo sobre temas relacionados à dança

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Além de abrigar eventos e abrir espaço para companhias de dança ensaiarem e estrelarem os seus espetáculos, o Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro, na Tijuca, guarda um acervo de referência para pesquisas na área. Em uma pequena sala no terceiro andar, em meio aos 4 mil metros quadrados da antiga Fábrica de Cerveja Hanseática, funciona a Midiateca, espaço reservado à cultura e à história da dança. Ali podem ser encontrados centenas de livros, vídeos, fotos, revistas e artigos de jornais nacionais e estrangeiro sobre a arte dos movimentos de uma forma geral. Cerca de 443 livros, 200 DVDs, mil fitas VHS, 670 fotos e 233 recortes de jornais estão acessíveis à visitação.

— Essa é uma sala de acervo e pesquisa em dança. O objetivo não é ser uma biblioteca, por si só, ou um local para armazenar os itens. Queremos gerar conhecimento e produção, fornecer informação a interessados e pesquisadores, visitantes leigos ou iniciados — explica Luana Garcia, responsável pela organização do espaço.

Quando chegou ao centro coreográfico, em junho de 2016, Luana, formada em Dança pela UFRJ, teve um trabalho árduo para organizar o espaço, com o objetivo de torná-lo acessível ao público e aos pesquisadores.

— A sala ainda não tinha a configuração atual. Foi um trabalho de formiguinha. Tivemos que catalogar e organizar tudo e para isso contamos com ajuda de dois estagiários que não estão mais conosco — acrescenta.

A primeira providência de Luana ao chegar foi separar os livros, revistas e artigos por assuntos. Biografia; produção acadêmica; história da dança e da arte; cultura popular; dança contemporânea; música; entre outros. Além do português, há livros em inglês, francês, espanhol, alemão e russo. O acervo foi obtido por meio de doações pessoais e solicitado a faculdades, instituições culturais e companhias residentes que passaram pelo local.

— Temos aqui referências, desde danças folclóricas brasileiras de Norte a Sul, até apresentações internacionais, como o balé Bolshoi e os atuais passinhos do funk, por exemplo — conta Luana.

Os DVDs e fitas VHS costumam ter registros de eventos que aconteceram no centro coreográfico, além de documentários de variados espetáculos produzidos no Brasil e no exterior, dos antigos aos atuais. O acervo fotográfico obedece o mesmo viés.

— Há fitas VHS de balés russos muito antigos, por exemplo. Nosso próximo passo é digitalizar essas fitas, para que elas não pereçam. Estamos prestes a fechar com uma instituição de projeção nacional para auxiliar na manutenção e na digitalização do acervo, para que as gerações futuras tenham acesso — diz ela.

Em 2017, com a chegada do novo diretor artístico do espaço, Diego Dantas, foram criados grupos de estudo em parceria com o Grupo de Pesquisa em Dramaturgias do Corpo da UFRJ. A cada semestre será convocada uma turma, por meio de chamamento público, para pesquisar sobre um tema específico. Os encontros são quinzenais. O primeiro ciclo, iniciado em julho de 2017, foi chamado de “Danças e dramaturgias”. O segundo terá inscrições abertas em março, com o tema “Mapas da dança: diagnósticos e memória”. As inscrições podem ser feitas pelo site .

— Queremos dinamizar o centro coreográfico com projetos específicos, para que ele cresça ainda mais. O grupo conta com a participação dos pesquisadores docentes e discentes da UFRJ, além de artistas, estudantes e interessados em dança selecionados mediante convocatória pública. Ele surgiu com o objetivo de estimular a reflexão sobre a dança e promover trocas artísticas, reflexões e produção de textos na área — diz Dantas.

As 34 companhias residentes no centro coreográfico também utilizam o espaço para enriquecer seus processos de criação.

— Esses grupos também são frequentadores assíduos da midiateca. E quando há alguma visita escolar ao espaço, o primeiro lugar onde eu os levo é exatamente para o acervo, para que crianças e jovens tenham noção de o quanto a dança é uma arte importante, atuante, educadora e extensa — diz Dantas.

— Chegamos antes dos ensaios para pesquisar e estudar. Há uma gama imensa de assuntos e sempre que há algum trabalho da faculdade para fazer, é aqui mesmo que nós pesquisamos. Pessoalmente eu fico muito admirada com os vídeos em DVD e VHS de dança contemporânea, todos raros. Ter acesso a esse material enriquece o nosso processo criativo e a mente, sem dúvida — acredita Lia Sevach, estudante de Dança no centro coreográfico e bailarina, ao lado da amiga, Letícia Januário, da Cia. de Atores Bailarinos Adolpho Bloch.

O horário de funcionamento da midiateca é de terça a sexta, das 10h às 18h, e aos sábados, das 10h às 16h. O endereço é Rua José Higino 115, Tijuca.